Mais uma importante contribuição no âmbito da segurança de voo e da ciência está sendo dada pelos aeronautas brasileiros por meio do Projeto Fadigômetro.
A pesquisa, pioneira no mundo e tendo à frente as entidades representativas dos aeronautas, produziu um novo artigo científico que acaba de ser publicado em um renomado periódico científico internacional, o Safety Science, e traz uma série de recomendações de segurança direcionadas ao setor.
Com dados coletados entre janeiro de 2019 e março de 2020 em uma amostra de 8476 escalas de voo da aviação regular, o estudo abordou as causas raízes da fadiga nas escalas e os pesquisadores quantificaram os efeitos adversos das madrugadas e das operações com chegadas e saídas entre 2 e 6 da manhã.
Recomendações de Segurança
A análise dos dados compilados pelo Fadigômetro levou às seguintes recomendações:
1. Que as quantidades de madrugadas e operações entre 2 e 6 da manhã sejam consideradas indicadores chave de performance (KPI) durante o processo de confecção das escalas de voo, de maneira a mantê-las em quantidades tão baixas quanto possível, com a menor dispersão possível entre os tripulantes;
2. Que as escalas publicadas e executadas não contenham mais de 10 madrugadas em um período de 30 dias consecutivos;
3. Que as escalas publicadas e executadas não contenham mais de 15 operações com chegadas e saídas entre 2 e 6 da manhã em um período de 30 dias consecutivos;
4. Que sejam envidados esforços para limitar a 10 operações com chegadas e/ou saídas entre 2 e 6 da manhã em um período de 30 dias consecutivos.
Os dados obtidos demonstraram que os aeronautas com escalas com mais de 10 madrugadas em 30 dias possuem ao menos uma operação com chegada e/ou saída associada a um período equivalente de vigília com média superior a 24 horas, o que corresponde a uma média de déficit de sono superior a 8 horas.
Também foi observado um incremento de 23,3% no risco relativo da fadiga comparando-se escalas com uma (1) e treze (13) madrugadas num período de 30 dias.
Importância das Descobertas
As descobertas possibilitadas pelo Fadigômetro trazem luz sobre as potenciais causas raízes da fadiga nas escalas de voo, e podem, dentre outros:
1. Auxiliar na elaboração de ações preventivas focadas na mitigação dos riscos;
2. Dar suporte à elaboração de escalas otimizadas, de maneira que interfiram o menos possível no descanso noturno;
3. Contribuir com a redução de ocorrências que impactam diretamente a operação e a segurança.
Alcance da Pesquisa
Atualmente o Projeto Fadigômetro é uma pesquisa apoiada pela Comissão Nacional de Fadiga Humana (CNFH), CENIPA e Azul Linhas Aéreas.
O apoio dessas entidades e dos aeronautas participantes da pesquisa tem contribuído para dar robustez ao estudo, fortalecendo e embasando seu principal propósito: contribuir com a segurança de voo na aviação regular brasileira.
Veja a seguir alguns dos marcos do projeto:
• Mais de 2 milhões de horas de jornada em seu banco de dados (atualmente já são quase 2,5 milhões);
Para mais notícias sobre a pesquisa, acesse https://fadigometro.com.br/.
Próximos passos e responsabilidades perante os aeronautas
Em outubro deste ano a pesquisa e suas recomendações serão apresentadas no SAFTE-FAST User Conference, evento que acontecerá na cidade de Chicago, Estados Unidos, e terá a participação de empresas aéreas, sindicatos e associações de todo o mundo, em uma oportunidade para debater as descobertas da pesquisa com a comunidade internacional.
Em um futuro próximo, o Fadigômetro também dará início à análise das escalas dentro do cenário de retomada da aviação após a pandemia de coronavírus.
De maneira simultânea e contínua, as entidades representativas à frente da pesquisa seguirão seu trabalho em prol dos aeronautas e da segurança, pilares sobre os quais estão erigidas, promovendo entre as empresas e órgãos públicos a pesquisa e a importância da implementação das ações propostas.
Agradecimentos
A equipe de pesquisadores agradece o apoio da Comissão Nacional de Fadiga Humana (CNFH), do CENIPA e da Azul Linhas Aéreas, bem como a imprescindível participação dos aeronautas, sem os quais não seria possível realizar a pesquisa.
As entidades à frente do estudo também agradecem a inestimável participação na pesquisa do Prof. Dr. André Frazão, do Instituto de Biociências da USP, da Profa. Dra. Frida Marina Fischer, da Faculdade de Saúde Pública da USP, e do Prof. Dr. Otaviano Helene, do Instituto de Física da USP.
Agradecimentos também à Iasera pelo suporte técnico e à Lacourt Fidelity Seguros, pela participação no financiamento da taxa de publicação do artigo científico junto com as entidades ABRAPAC, ASAGOL e ATL.
Sobre o Fadigômetro
Projeto de pesquisa pioneiro no mundo, o Fadigômetro tem como objetivo a criação de um banco de dados sobre o estado de alerta das tripulações da aviação regular brasileira durante suas jornadas de trabalho, permitindo a propositura de métodos para a análise do risco da fadiga e estratégias para sua mitigação.
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