O nosso projeto “After Landing”, que traz atividades de colegas associados da ASAGOL em suas rotinas fora da aviação, chega agora à sua 3ª edição, com a história do comissário Hildo Jorge Viana Pinheiro e a sua paixão pela corrida de rua.
Ele começou na aviação em 1984, voando pela Varig, e deixou a empresa em 1999. Após oito anos afastado, Hildo voltou em 2007, atuando como comissário da Gol Linhas Aéreas, e está próximo de sua aposentadoria.
Além da aviação, Hildo sempre teve outra paixão: o esporte. Ele precisou parar de jogar futebol há quinze anos por um problema no joelho e passou a se dedicar à corrida de rua. Hoje, ele tem em seu histórico oito participações em São Silvestres, uma maratona e diversas corridas de rua, além de ter criado um grupo de corredores para os tripulantes da empresa.
“São mais de 50 pilotos e comissários de bordo trocando experiências, informação, ideias, treinos e incentivo.”
Veja na íntegra a 3ª edição do nosso “After Landing”, com o Cms. Hildo!
De paraquedas na aviação
Em 1984, aos 19 anos, Hildo era bancário do Banco Bamerindus e não sabia sequer o que fazia um comissário de bordo. Habitante de Manaus (AM), cidade onde nasceu, ele conta que participou da seleção da Varig por acaso: “estavam fazendo processo seletivo no Hotel Tropical, o futebol foi cancelado e o pessoal me chamou para ir junto participar, quando percebi já estava concorrendo e passando pelas etapas”.
Entre os seus 15 colegas de futebol, apenas Hildo foi selecionado como funcionário da Varig. Ele foi para o treinamento, em São Paulo, ainda sabendo pouco sobre a profissão.
“Eu pensava: mas eu serei ‘aeromoço’? Não entendia direito que eu atuaria como um comissário de bordo e todo o importante trabalho dessa profissão, a responsabilidade”, explica.
O novo comissário começou a voar na base Manaus após três meses de curso, sendo transferido para a base Rio de Janeiro em 1987, onde atuou até deixar a Varig, em 1999. “Recebi muito incentivo dos meus amigos da cidade no processo seletivo, passei, conheci de verdade a profissão e construí uma bonita história na empresa”.
Após deixar a Varig, Hildo passou oito anos fora da aviação, atuando como empresário e consultor ligado ao ramo imobiliário. Ele voltou em 2007, voando pela Gol Linhas Aéreas, e permanece na empresa até o momento. “Passei um tempo fora, como autônomo, mas queria voltar a ter um emprego fixo, consegui ingressar novamente em uma grande companhia aérea aos 42 anos, não imaginava que eu conseguiria.”
Agora, aos 54 anos, Hildo está próximo de se aposentar e deve encerrar a carreira nos próximos anos.
“Em resumo, fui no embalo do pessoal do futebol e acabei entrando na aviação, área que dediquei 27 anos da minha carreira profissional, criei raízes e escrevi minha história.”
Ouça a entrevista com o Cms. Hildo:
A entrada na corrida de rua
Antes de criar com outros colegas um grupo de corrida de rua para tripulantes da Gol Linhas Aéreas, Hildo já tinha adquirido anos de experiência na prática do esporte. Apaixonado por futebol, herança da família, ele jogou até os 40 anos, quando descobriu uma lesão no joelho. “Eu cheguei a atuar em times de futebol amador, sempre compareci ao estádio para assistir partidas com a família, mas fui obrigado a parar quando o médico me disse que eu teria que escolher entre o futebol e o trabalho”.
Em 2004, devido aos inchaços no joelho, Hildo procurou outra prática esportiva para substituir o futebol. Encontrou na corrida de rua a sua nova paixão.
“Comecei do zero, aos 41 anos, um novo esporte, aprendi a maneira certa de correr, fui alfabetizado nessa prática e criei um gosto instantâneo”.
Após dois anos de treino o comissário realizava o sonho de correr os 15 quilômetros de sua primeira São Silvestre. Hoje, ele já completou a prova mais famosa da corrida de rua brasileira oito vezes. “Cada uma foi especial, mas a primeira é inesquecível, quando eu olhei a subida da Brigadeiro Luiz Antônio, consegui superar aquele desafio, eu transbordei em lágrimas e não sabia o que fazer, sempre me emociono quando lembro”.
Atualmente, Hildo acumula participações em provas de corrida de rua, com média de cinco por ano, e conseguiu completar a Maratona de São Paulo e seus 42,195 quilômetros de trajeto. “Demorei dez anos para correr a primeira maratona, faltava incentivo e coragem, que consegui lendo o livro ‘Correr’, do Dr. Dráuzio Varela”, explica Hildo, que já estabeleceu a próxima meta: completar a maratona de Nova York.
Em cada cidade que realiza o pernoite o comissário tenta aproveitar para correr pelas ruas e conhecer a região.
“Minha paixão é essa, treinar, ver locais diferentes, estou sempre praticando o esporte dessa maneira, esteira é sempre a última opção!”
A união pela corrida de rua
“Prometi que quando fosse a Juazeiro do Norte correria o percurso do hotel até a estátua do Padre Cícero, 23 quilômetros ida e a volta, mas eu não esperava que teria companhia nesse dia”. O parceiro inesperado nessa jornada, feita em 2015, foi o Cop. Isac, que também praticava a corrida de rua e se prontificou em acompanhar Hildo assim que soube do plano.
Eles programaram a saída às 11h00 e, quando o comissário chegou ao local combinado, lá estava o copiloto à espera. “Pensei que estava brincando, mas não, ele compareceu mesmo, o caminho foi difícil, eu estava muito preparado, mas o Isac não tinha experiência em um percurso longo desses, com o calor da cidade, ele sofreu”, conta.
Os dois tripulantes seguiram sem um percurso programado, apenas vendo a estátua ao longe, perguntando aos moradores da cidade e seguindo em frente. De acordo com o Hildo, eles passaram por outra situação inusitada: “o dinheiro que levamos nós gastamos em água e uma mulher nos pediu ajuda na estátua. Explicamos que não tínhamos nada, apenas cartão, e não conseguiríamos voltar de ônibus se quiséssemos, ela chegou até a nos oferecer o pouco que tinha, ficamos envergonhados na hora, mas foi muito bacana da parte dela”, recorda Hildo.
Depois dessa experiência, ambos se juntaram ao Cmte. Tavella, também apaixonado pela prática, e criaram um grupo no aplicativo WhatsApp para reunir tripulantes que praticavam corrida de rua. Depois de 20 dias, o grupo já contava com cerca de 50 pessoas, todos da Gol Linhas Aéreas.
A trajetória do grupo de corrida
Hildo disse que o grupo, criado há quatro anos, se comunica pelo WhatsApp com o objetivo de trocar ideias, textos, notícias, dicas, treinos e apoio para a prática da corrida. Às vezes, os integrantes enviam fotos de seus treinos para animar os colegas: “o ser humano precisa de incentivo e tudo ajuda, a união dos tripulantes, frases bonitas, eu não preciso porque a corrida já faz parte da minha identidade”, brinca.
O comissário destaca que a troca de experiências também o ajudou, mesmo tendo mais de dez anos de corrida de rua à época da criação do grupo.
“Aprendi demais com os amigos, ensinam muito, o Cmte. Dalpério, por exemplo, tem um conhecimento enorme na parte aeróbica, coração, ele que me deu as dicas de como correr com equilíbrio, para ir mais longe”.
Além de compartilharem informação e apoio diariamente, os membros conseguiram ir além do virtual e realizar feitos pessoalmente, mesmo com a dificuldade de horários e a falta de rotina dos tripulantes. “Criamos a nossa camisa, com o apoio da ASAGOL, que sempre nos deu força e foi fundamental nesses cinco anos em que estamos na ativa. Também corremos algumas provas com integrantes da equipe, como a São Silvestre”, recorda Hildo, que lembrou também da participação do Cmte. Maximiliano, um dos diretores da ASAGOL, no grupo de corrida.
O comissário destacou que, no início, não esperava o retorno obtido.
“Eu não imaginava que tantos tripulantes corriam e teriam interesse em entrar, foi uma explosão, temos membros das bases São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre”, detalha.
O grupo, segundo Hildo, passa por momentos de maior e menor procura, mas sempre conta com um número alto de tripulantes. “Varia, depende da época, mas sempre temos movimento, estamos abertos para todos os colegas que quiserem entrar e bater um papo sobre corrida de rua e os benefícios do esporte”.
Neste momento, o grupo busca parcerias para continuar crescendo e movimentando os tripulantes. Entre elas a ASAGOL e a própria Gol Linhas Aéreas. Com esse apoio, Hildo espera ampliar ainda mais o incentivo para a prática esportiva, a importância para a saúde mental e física do tripulante, o dinamismo e a diversidade do grupo. “Com esse apoio, poderemos ir além, inclusive conseguindo folgas para participar de competições, auxílio no pagamento de inscrições, maior divulgação e acesso à informação.”
A importância da prática esportiva
Os benefícios da atividade física são sempre mencionados por Hildo quando o assunto é o esporte, destacando os ganhos específicos para o bem-estar dos tripulantes. De acordo com ele, realizar treinos, competições e atividades físicas auxilia nos aspectos físico e mental. A corrida de rua, por exemplo, ajuda em ambos, na visão de Hildo.
“Corrida é 50% cabeça, 25% músculos e 25% fôlego, é um trabalho que mexe 100% com o nosso corpo, pois necessita de preparo para vencer as etapas e desafios que nós mesmos nos impomos”, explica.
Os treinos ajudam nesse preparo, dando segurança para superar limites e disciplina para seguir em frente, de acordo com Hildo.
“A sua mente fica mais confiante, o corpo com melhor preparo físico, você alcança o equilíbrio, é fundamental praticar esportes, principalmente o aeronauta, que está mais sujeito a problemas de saúde físicos e psicológicos”, enaltece.
Galeria de fotos:
Veja mais imagens do Cms. Hildo e do grupo Go Runners!
Como participar do ‘After Landing’
Caso você já seja um associado ASAGOL e tenha uma atividade ou projeto fora da aviação, conte para a gente! Mande uma mensagem (rede social) ou um e-mail para comunicacao@asagol.com.br contando a sua história!
Nós queremos conhecê-lo e divulga-lo no "After Landing", dando visibilidade e enaltecendo o seu trabalho!
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